sábado, 12 de maio de 2012

Olhos Verdes Cristalinos - parte 12/80




10 - A Noite (2)

- Mestre! Os convidados estão querendo se despedir e...
Quando Solomon entrou na biblioteca nos encontrou no chão. Eu deitado estirado sem vida e seu mestre se recompondo ainda sobre meu corpo ensangüentado. Percebendo-se da inconveniência de seu ato, Solomon pediu perdão e foi fechando a porta devagar...
- Espere Solomon, entendo sua preocupação e espero que sua intromissão venha me trazer notícias agradáveis sobre a busca de Kevin.
- Desculpe mestre, mas não tivemos nenhuma novidade ainda.
- Estamos conversados por hora Solomon, agora se despeça dos convidados por mim dizendo que estou deveras ocupado, pois na verdade ainda não acabei minha conversa com esta criança.
- Claro mestre, isto não acontecerá novamente. E sobre o outro assunto, Andreas, saiu conforme o planejado. – Despediu-se Solomon cerrando a porta ao sair, deixando-me ao lado de um mestre pensativo e ao mesmo tempo realizado com o rumo de seus planos.
- Pobre criança, caminhando solitária pelo vale da morte. Seria mesmo uma pena não aproveitar uma mente tão brilhante, colocando-a a meu serviço. – Dizia o mestre ao pé de meu ouvido – Sei que tu me ouves assim como todos os mortos escutam no momento em que seus espíritos deixam o corpo físico e sei que um dia tu me agradecerás, mesmo que este dia tarde a chegar. Um espécime tão brilhante agora repousa em seu casulo para se tornar o verdadeiro ápice da criação divina. Quem diria a fúria, a vingança de um Deus sobre um homem criou a raça superior que hoje domina toda a criação divina. E por mais que ele queira deixar a impressão aos pobres mortais de que tudo está sob controle, eles continuam sendo as marionetes em novas mãos, em nossas mãos. Corpos de aparência humana – um disfarce perfeito - mentes superdesenvolvidas e o advento de sermos nós os deuses responsáveis pela criação, pela nova criação. Somos os senhores deste novo mundo, o mundo vampírico.
O vazio estava confortável e acreditava poder ficar ali eternamente, mas meu destino agora não estava mais nas mãos de Deus e assim como na bíblia, mas talvez não da forma como eu imaginara, eu teria uma nova vida que dependeria única e exclusivamente da vontade de meu novo senhor ao qual agora eu entendia porque deveria chamar de mestre.
Como se eu estivesse sendo sugado para dentro de um furacão, imaginava que minha alma estava sendo transportada para um outro plano, para um túnel de luz como tivera visto em filmes e escutado e lido em alguns relatos. Mal sabia eu que havia perdido minha alma para sempre e que o que me sugava não era um túnel de luz e sim uma vida na escuridão e um forte e delicioso gosto adocicado de ferro.
A primeira gota foi intensamente absorvida e causou o retorno de minha consciência e a perda definitiva de minha alma. O poder que passou a circular em meu corpo foi se multiplicando com a chegada de novas gotas de sangue, do vazio consciente e da dor. A sensação era de estar sendo implodido, como se todos os meus órgãos estivessem sendo dissolvidos, derretidos.




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