domingo, 6 de maio de 2012

Olhos Verdes Cristalinos - parte 11/80

 Continuação do Capítulo 9 - Festa de Halloween

Era uma bela mulher. Alta, esguia, de pele muito branca e longos cabelos negros escorridos. Trajava um longo vestido branco de um tecido leve, possuía ao redor da cintura uma corda ou cordão também branco amarrado e sobre a cabeça uma coroa de flores. Parecia uma fada.
Em frente ao grão-mestre, a poucos passos da banheira, alguns dos magos a escoltaram e despiram-na totalmente de suas roupas, permanecendo apenas a coroa de flores silvestres que realçava a beleza de sua nudez feminina. Os mantras ainda eram entoados mecanicamente; enquanto um dos cavaleiros negros levava para longe as suas vestes, outros dois a escoltaram e auxiliaram-na a subir a pequena escada. Pela desenvoltura da moça, deveria ser uma das atrizes também.
Soou um gongo e os cânticos cessaram. O que parecia ser o mestre supremo se aproximou, deu algumas ordens inaudíveis para os outros presentes e a escada foi retirada e levada para uma arca, junto das roupas e do turíbulo. Por entre os magos, era possível admirar a moça se banhar no líquido que, agora contrastando com a brancura de sua cútis, denunciava sua natureza vital. A jovem se banhava docemente em sangue fresco.
Andréas cruzava os cômodos vazios com certa desconfiança. Parece que ao ver seus planos dando certo, um oceano de insegurança invadiu o litoral de sua certeza, inundando o que restava de seu coração de um medo aparentemente sem motivo. Mas tudo tinha que sair perfeito. Sempre perfeito. O senhor das sombras não admite senão.
Desceu as escadas, passou pela sala sentindo ainda o espírito da multidão. Parou, pensou, abaixou a cabeça por um pequeno instante, fechou os olhos, inflou o peito de ar e seguiu em direção aos adornos metálicos da entrada principal do salão de festas.

- x -

O público se entreolhava, soltava alguns murmurinhos, enquanto o grão-mestre, que assim como muitos, admirava o banho da jovem, parou, abaixou a cabeça e sorriu. De sua garganta se pode escutar uma frase singela, pronunciada por uma voz firme, mas de timbre suave.
- É chegada a hora.
Neste momento os cavaleiros colocaram a destra por dentro de seus mantos e sacou cada um seu punhal de lâmina flamígea, erguendo-os com as duas mãos por sobre suas cabeças, esquecendo a bela moça a se banhar, não mais permanecendo em círculo, mas em duas colunas, voltados para a porta principal.
À frente deles, pelas sombras de seu capuz o mestre esperou.
As portas se escancararam e a passos largos Andreas avançava em direção aos magos. Parou a certa distância deles e olhou para a figura que o aguardava na banheira. Como que por encanto a jovem Elizabete preservava nos lábios seu sorriso satânico, sinal de que sua magia estava sendo sustentada a contento.
- Selatus! – Pronunciou fortemente Andréas fazendo as portas se fecharem, arrancando algumas palmas dos convidados e um sorriso de seus lábios.
- Vejo que prepararam uma surpresa para mim.
A resposta do mago-mestre foi apenas um aceno de cabeça. Andréas se aproximou da banheira e ritualmente os cavaleiros negros retiraram suas roupas também. Ele entrou sozinho na banheira fixando os olhos desejosos sobre a mulher a sua frente.
O mago abriu um sorriso, pois Andreas havia caído em sua armadilha.
Andréas arregalou os olhos e tentou se virar para confirmar o que seus sentidos o haviam alertado, mas a mulher na banheira agarrando seu braço impediu-o de virar.
- Esquece ele querido, você tem a mim agora!
- Me solta, já tenho problemas demais, vadia! – e desferiu um sonoro bofetão, virando o rosto da mulher para trás.
Quando a mulher se virou de volta, seu rosto estava completamente transfigurado. Seus olhos amarelos pareciam mais fundos e mortais, seus músculos faciais estavam fortemente contraídos e no lugar de dentes, enormes presas...
- Adoro homens violentos...

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